20 de junho de 2013

Blogs de decoração que valorizam casas imperfeitas inspiram garimpo de objetos



A valorização de casas reais, originais e imperfeitas, no estilo "faça você mesmo", é o mote de uma leva de blogs de decoração que surgiram nos últimos anos. 

Mesmo quem nunca tinha se aventurado na área agora usa os endereços como inspiração para, aos poucos, ajeitar a casa nova. 

É o caso da publicitária Roberta Calazans, 30, e do artista plástico Rogério Campos, 33, que em março do ano passado se mudaram para um apartamento de 50 m2 em Vitória (ES) apenas com cama, geladeira, micro-ondas, máquina de lavar e chuveiro. 

Os blogs serviram (e ainda servem) de referência para decorar a casa. A publicitária também se inspira na rede social Pinterest, que agrega imagens em murais virtuais. 

"Conforme o dinheiro permitia e as boas oportunidades apareciam, nossa casa foi ganhando forma, cores, objetos, cheiros e sabores." 

A decoração virou parte tão grande da vida dos dois que em março deste ano criaram um site (www.nacasadajoana.com.br) para vender pôsteres que Rogério começou a fazer para pendurar nas paredes da própria casa. 

As inspirações virtuais dos blogs também foram úteis para a cientista social Francine Albernaz, 29, do Rio. 

"Pintei móveis, imprimi imagens da internet e comprei molduras, fui garimpando. Tenho mais tesão em reformar do que comprar uma sala toda pronta. Depois é como um filho, dá orgulho." Os móveis herdados do avô, cujo hobby era construir e reformar objetos, também foram repaginados. "É a história da minha família, mas adaptada." 

Para a decoradora Luciana Colesanti, que lançou o site Studio da Lu há sete anos, o número enorme de blogs sobre o assunto pode até ser um obstáculo ao seu trabalho. "A informação está ali, basta querer fazer. Acho que o mercado ficou mais difícil para os profissionais porque as pessoas estão se arriscando mais. Já estou pensando em alternativas." 

CARA DO DONO 

O conceito de "decoração popular" permeia as escolhas de María Tortora, 32, do blog argentino Casa Chaucha, um mostruário de concepções estéticas de pessoas que não estudaram decoração. 

"Sempre me atraiu a cenografia que escolhemos para passar a maior parte da nossa vida. Em Casa Chaucha, o que nos parece valioso é a beleza do que é original, criativo, do que não é posado e do que sai diretamente do interior das pessoas", diz Tortora, que é designer, fotógrafa e programadora web. 

O que Tortora faz é percorrer residências de conhecidos e de leitores do seu blog para mostrar as soluções encontradas pelos moradores de acordo com suas histórias, seus interesses, seus gostos. 

Um dos conselhos que dá é não desejar que a casa se pareça com outra já vista.

"Nutrir-se de referências estéticas é fundamental para enriquecer nossa visão, mas não é necessário que sejam referências atuais, que estão na moda", diz Tortora. 

O "decore você mesmo", porém, exige dedicação. "Tem que estar disposto a garimpar, a esperar. As coisas vão se encaixando aos poucos, é como montar seu próprio quebra-cabeças", conta Roberta. 

Vivanne Pontes, autora do blog dcoracao.com, lembra ainda que essa receita não serve para todo mundo --e não há mal nenhum nisso.

"Tem gente que não tem habilidade ou tempo. Criar essa necessidade pode gerar mais angústia. Comprar uma coisa pronta, planejada, pode ser uma solução também."


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